segunda-feira, 30 de março de 2015

Terapia Ocupacional e Atraso de Linguagem



As alterações e atrasos de linguagem são perturbações do desenvolvimento; este, acontece por etapas hierárquicas, e quando não se dão de modo espontâneo, é necessário o atendimento de especialidades. 
A primeira especialidade a ser procurada é a Fonoaudiologia, profissão que trabalha, entre outros, com o desenvolvimento da comunicação, e de fato, é indispensável à criança com este diagnóstico!
Porém, outros especialistas têm saberes a aplicar junto a essa criança, que irão contribuir significativamente para seu desenvolvimento. Neste post, falarei da contribuição do atendimento terapêutico ocupacional. 
Como dito acima, o desenvolvimento se da de forma hierárquica, ou seja, habilidades básicas vão se aprimorando e tornando-se mais refinadas e complexas; o desenvolvimento também se da de forma simultânea, onde  habilidades percepto-cognitivas desenvolvem-se paralelamente as habilidades motoras. 
Com isso, quero dizer que é comum que crianças com atraso de fala e linguagem apresentem também, atrasos nas aquisições de:
  • Independência  nas Atividades de Vida Diária (AVDs);
  • Dificuldades de participação social; 
  • Prejuízos no brincar coletivo;
  • Dificuldade em compreender regras e comandos; 
  • Atrasos no desenvolvimento da coordenação motora fina;
  • Dificuldade de atenção, pensamento e memória;
  • Transtornos de conduta; 
  • Dificuldade em lidar com dificuldades e frustrações; 
  • Dificuldade de aprendizagem; 
  • Outras comorbidades decorrentes do atraso de linguagem.
É super comum (pelo menos no meu contexto) que o fonoaudiólogo encaminhe os pacientes com dificuldade de linguagem para avaliação do terapeuta ocupacional, visto que as comorbidades acima citadas, causam déficits ocupacionais e de desempenho bastante importantes, e este verifique a necessidade de intervenção, auxiliando no progresso do atendimento fonoaudiológico e promovendo desenvolvimento global das crianças. 
Se sua criança tem atraso de fala e linguagem e você nota algumas comorbidades que entrevam o desenvolvimento, procure um terapeuta ocupacional e solicite uma avaliação. 


sexta-feira, 27 de março de 2015

Possibilidades de variação de jogos - LINCE



Olá! 
Hoje o post será o primeiro de uma série que irei realizar, sobre os jogos/brincadeiras e suas variações.
Nos atendimentos da Terapia Ocupacional, todos  realizados com atividades, sejam elas, meio e/ou fim do objetivo traçado, utilizamos os jogos, brinquedos e brincadeiras comuns do contexto da infância. 
Estes recursos vem com regras de como devem ser executados, mas isso não significa que não seja possível decompor as características deles, graduando de modo que o maior número de crianças possa ser estimulada. 
Este é o objetivo deste post, mostrar algumas variações que realizei a partir do jogo original, baseada na análise da atividade de cada paciente. 
As variações logicamente podem ser realizadas para qualquer criança, o que possibilita também maiores estímulos cognitivos, principalmente criatividade e flexibilidade cognitiva, quando eles percebem que podem criar novas formas de brincar. 


O jogo original é uma competição, onde cada jogador recebe 3 fichas, o jogador que conseguir localizar as 3 figuras em mais rapido, ganha uma pedrinha. Vence o jogo quem juntar mais pedrinhas. Um modo excelente para trabalhar atenção, agilidade, concentração, percepção de figura fundo, socialização, aceitação de regras, limiar de frustração, entre outras habilidade essenciais no processo de aprendizado. 
A criança em atendimento de TO pode apresentar características que devem ser estimuladas, e pode ser que a forma convencional não seja a mais indicada para o estímulo, e por isso, nós adaptamos. 


  • Nesta foto utilizei as fichas do jogo para trabalhar com uma criança de 3 anos, aspectos cognitivos da fase de pré alfabetização, aquela fase em que se aprendem conceitos básicos de categoria, contagem, formas, localização espaço temporal, etc. A fase de desenvolvimento em que a criança se encontra é fundamental para realização do estímulo correto. A brincadeira foi de separar os animais por "locais onde eles moram". Foi possível com essa variação trabalhar a localização espacial (em cima, embaixo, meio), noção de quantidade, brincadeira simbólica (montar o zoológico, imitar os animais, quais são bonzinhos e quais são bravos, etc), aumentar repertório lúdico, modular comportamento (atividade que exige atenção sustentada e quietude). 





  • Na imagem acima, o objetivo era mediar através da atividade, o treino de preensão trípode, na criança de 5 anos. Realizar treino de escrita, é literalmente chato, e por isso em atendimentos de reabilitação infantil, tudo é permeado por alguma atividade lúdica. A idéia foi sortear as fichas e fazer um desenho igual. Trabalhamos a aceitação e a segurança diante do imprevisto, o pensamento, atenção e expressão; a persistência ao colorir e limiar de frustração diante de erros. A preensão (para mim figura, para ele fundo) foi trabalhada durante todo atendimento, sem aparecessem as queixas de dor, cansaço, sono, fome, ou qualquer outra que o tirasse daquele esforço. Utilizei a tampa da canetinha para enfatizar a função de apoio de 4º e 5º dedos, liberando o 1º 2º e 3º dedos para função de pinça. 

Existem outras variações possíveis, como trabalhar memória (lembrar fichas selecionadas, falar animais que não foram encontrados dentre as fichas), categorizar as fichas por grupos (animais, alimentos, objetos, meios de transporte, etc), e mais o que nossa mente criar de acordo com o momento da criança. 

A idéia é: INVENTE!!!!

Grande abraço. 
Priscila Boy, 
Terapeuta Ocupacional. 

terça-feira, 17 de março de 2015

Dica de brincadeira introdutória ao treino de ABVD - Calçar meias

Hoje a estrela do blog é meu sobrinho amado. Passar algumas horas com Hugo sempre me traz um monte de idéias... na verdade, as idéias são todas dele, eu só aproveito da criatividade da criança, onde tudo vira brincadeira, tudo é descoberta, tudo pode ter a função que se atribui... o que inclusive é uma das habilidades do brincar, quando a criança atribui uma nova função àquele objeto!

Hugo retira do punho do papai uma gominha e começa a coloca-la nas mãos, de repente, coloca nos pés e perna...eis que visualizo todo o movimento, raciocínio e tentativas similares ao ato de calçar meias, e a analogia foi imediata (assim como a foto, rsrs). 

Hugo está com 1 ano e 10 meses e tem desenvolvimento típico. Calçar meias poder ser um aprendizado pra idades mais avançadas (2anos 2 anos e meio), em crianças com alguma dificuldade ou atraso esse aprendizado pode levar um pouco mais de tempo! Não se apresse! A criança a qual é conferido autonomia, sinaliza seus avanços. 

No consultório percebo que ensinar a calçar o sapato é bem mais simples, e que as meias, normalmente levam um tempo maior de estimulação. Nesse caso, a gominha veio como uma luz aos meus atendimentos e orientações, e acredito que pode ser pra você também! 

Utilizar a gominha permite que a criança visualize todo o processo e objetivo da atividade. Ela não perde contato visual com os pés, aprende o manuseio da meia (abertura lateral com os polegares), fortalece a musculatura da mão, estimula desenvolvimento motor, cognitivo e social, a medida que ela persiste, pensa, se concentra, recebe reforços positivos de seu desempenho e tentativas! 

Por isso colegas TOs, mães, professoras de ensino infantil e quem mais se interessar, se está difícil para o pequeno compreender e aprender essa Atividade Básica de Vida Diária, brinque com gominhas e posteriormente faça a analogia com as meias. Acredito que será bastante válido! 

Abraços, 
Priscila Boy.