segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Não foi uma sessão de Terapia Ocupacional, mas foi terapêutico!





Em plena segunda de carnaval, não poderia deixar de postar o que aconteceu! Não há como dizer que foi uma sessão de Terapia Ocupacional, porque se trata do meu avô (o vô Boy), mas também não há como afirmar que não foi terapêutico.

Meu avô tem enfrentado as dificuldades do envelhecimento. Com quadro demencial, tem perdido algumas funções, dentre elas, a de dirigir, o que pra ele tem sido bastante frustrante. Ele é capaz de compreender que não pode mais dirigir por longos trechos ou em locais de trânsito intenso, mas não aceita ainda o fato de não poder mais, ser dono do seu ir e vir (de carro).

Recentemente foi ao geriatra e colocou sobre sua insatisfação com essa limitação. O mesmo fez alguns testes de reflexo e atenção, e como esperado, meu avô não correspondeu de forma adequada. 

Hoje, fiz com ele essa “brincadeira” e durante a execução fui traçando analogia entre a atividade e o ato de dirigir. Não tinha objetivos previamente estabelecidos, fui conversando com ele e a atividade surgindo. Através dela ele compreendeu (pelo menos no momento) sua dificuldade com movimento sequencial, atenção, velocidade de seus reflexos, memória, resolução de problemas, antecipação da ação do outro, etc. 

O positivo dessa história, foi que se eu propor a realizar sessões de estimulo cognitivo com ele frequentemente, não serei bem sucedida (santo de casa não faz milagre), mas, o fato de eu ter a compreensão do significado dessa atividade para ele ajudou a diminuir a frustração do “não” dado pelo médico. Ele guardou os cartões com os números e disse que vai treinar, para que quando voltar ao médico “provar” a ele que pode sim dirigir “só daqui ali na igreja” (outra atividade extremamente significativa).

Outro ponto positivo também, foi uma nova atividade que "descobri" para melhorar nossa intervenção. 

A ideia é ter as mãos dos participantes intercaladas (como na foto) de modo que sua próxima ação, seja seguida pela ação do colega ou terapeuta. Nessa atividade, podemos trabalhar questões afetivas, sociais e percepto-cognitivas. É uma atividade que permite diversas variações, como número de participantes, sequenciamento por números, cores ou letras por exemplo, controle sequencial visual ou auditivo ou ambos, ordens de comando para mudar a direção das batidas e por ai vai, de acordo com as habilidade de nossos pacientes e criatividade dos terapeutas. 

Terapeuta é assim, de uma simples conversa ou visita, encontramos possibilidades ricas de estímulos.  


6 comentários:

  1. Eu vi no seu Instagram e vim aqui para poder ler. Eu gostaria de saber o que você falava com ele e quais eram as regras por trás do 1, 2 e 3. Agradeço pela resposta, /lucaschparisi

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    1. Oi Lucas... lhe enviei a resposta por email, você recebeu?
      Abraços,
      Priscila Boy.

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    2. Oi Lucas... lhe enviei a resposta por email, você recebeu?
      Abraços,
      Priscila Boy.

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